sexta-feira, 12 de novembro de 2010

NOVEMBRO?

Novembro, grande novembro... Que saudade sentimos de você, querido! Foi um ano difícil, regado a muitos dias estressantes, chefes irritantes, mulheres com bebês de colo que nos fizeram sair de nossas cadeirinhas nos ônibus, muitas provas infernais de matemática se passaram, muitos dias felizes, muitos aniversários, alguns enterros, inevitável... Mas agora, deslumbrante novembro... Nada disso importa! Pois você voltou, trazendo consigo a alegria incontrolável dos últimos dias do ano e os panettones e enfeites de natal nas lojas... Como é bom vê-lo de volta, amigo novembro, e como é melhor ainda saber que vais passar mais rápido ainda do que os outros meses desse ano-cometa! É claro, novembro traz também certa inquietação, com os famosos vestibulares, vestibulinhos, vestibulões, vestíbulos e etc., mas com um pouco de otimismo, coragem e vergonha na cara para estudar, tudo isso se resolve, afinal, somos brasileiros ou não?! Ah, novembro, inspirador e maravilhoso, alegrando nossas vidas assalariadas! Amamos muito novembro, contudo, o que realmente mais queremos de novembro é que ele passe. Passe rapidamente por nós, deixando uma pergunta que é sempre muito difícil de ser respondida: que dia é hoje?
Vá novembro, vá, você é livre, voe pelo calendário, voe com suas semanas e seus deliciosos feriados, que fazem de você nosso estimado mês relâmpago!
Ah, e é claro, se não for pedir muito, diga a seu amigo dezembro que temos pressa e queremos muito que ele passe por aqui, depressa! Adeus, Novembro!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Evolução Humana

Desde que me conheço por gente - apesar de todos os pesares ainda me permito classificar-me como tal - sei que faz parte do ato humano: nascer, crescer, reproduzir, morrer. Todavia, creio piamente que tal definição certas vezes pode ser estupidamente vaga, insultando assim minha inteligência de proporções britânicas, e, quero fique claro: apenas por este motivo, gostaria de compartilhar com o leitor mais uma de minhas teorias sobre a vida. Sem mais, ei-la aqui: ao decorrer da vida você só APRENDE.
Aprende a respirar chorar e reclamar, comer, dormir, mastigar, sentir dor, falar sem “r”, falar com “r”, engatinhar, depois andar e aí danou-se. Passa a aprender coisas freneticamente: escrever, andar de bicicleta, sentir medo, correr e cair, amarrar o cadarço e depois lavar seus tênis, brincar, rir, desenhar, ir à escola e conseguintemente aprende a ser malandro. Aprende as capitanias hereditárias, aprende que a soma dos quadrados catetos é igual a hipotenusa, aprende que certas vezes cachorros podem comer folhas de sulfite ou de caderno, mas que muito raramente professores acreditam nesta façanha da natureza. Aprende a se adaptar, mas mesmo assim aprende a sentir raiva, a bater e xingar, e aprende que isto não deve ser feito, aprende a esquecer e a não entender certas coisas, aprende a ter problemas e a pedir ajuda, aprende a solucionar problemas e aprende que alguns deles são causados por soluções de outros, aprende que algumas coisas que servem para ajudar as vezes podem atrapalhar, e aprende que isto é parte do jogo. Aprende a ter dúvidas e aprende a questionar coisas. Aprende a responder, aprende a ouvir, aprende a amar, aprende a odiar e infelizmente aprende a desprezar também. Aprende a mentir, e aprende a magoar pessoas que se ama. Logo, aprende a se culpar por coisas das quais não tem culpa, e também a culpar os outros por coisas que você mesmo fez. Aprende a discutir, pedir e perdoar. Aprende que às vezes é preciso ficar sozinho por um tempo, mas que morrer sozinho pode ser horrível. Aprende que bom senso é uma coisa, e medo de mudar é outra bem diferente. Aprende que mudar é preciso, mas que mudar para agradar outros é perigoso.
Aprende a perder o foco e a retomá-lo depois, aprende que é bom ser honesto, mas nem todo mundo é. Aprende que é bom ter uma rotina, mas que às vezes é preciso fugir dela. Aprende que nada é de graça, que toda ação tem reação, que às vezes é necessário se fingir de bobo. Daí você vai aprendendo muitas coisas, como por exemplo, que acidentes e coisas ruins acontecerão mesmo que você não queira, e um pouco depois, você aprende que isso acontece o tempo todo, e não adianta sofrer, porque quanto mais se sofre mais acidentes acontecem. Você aprende... É só uma questão de tempo... Depois você vai aprender que essa frase às vezes pode irritar alguém. Geralmente você aprende só quando alguém te fala isso. Você também vai aprender que é preciso errar, pois errando se aprende. No entanto, você vai aprender também que há muitos modos de se aprender. Você aprende o que é responsabilidade, e que se você levá-la a sério demais, vai aprender o que é dor de cabeça, e que daí a coisa só piora. Aprende também que absolutamente tudo que é demais sobra, e tudo o que sobra é lixo. E que lixo não faz muito bem. Aprende que às vezes (sempre) é preciso tomar certos cuidados, mas que cuidados demais também podem e devem ser jogados no lixo algumas vezes. Aliás, você também aprende que esses cuidados que se deve jogar no lixo são aqueles que te tornam flexível demais, e que jogá-los no lixo é um ato muito flexível. Resumindo toda essa embolação, na essência é mais ou menos o seguinte: extremismo não te leva a lugar nenhum. Flexibilidade demais também não. Isso faz você aprender que tudo é meio complicado. Não ser muito flexível e nem extremista e radical faz as pessoas sem equilíbrio pensarem que você é um idiota e que fica em cima do muro, mas coisa não é bem assim. Você aprende a controlar-se e a não dizer certas coisas com esse tipo de pessoa. Você aprende que às vezes esse tipo de pessoa não deve ouvir o que você tem a dizer, mesmo que isso vá fazê-la melhorar, por um único motivo: talvez ela não esteja preparada. Você aprende que é muito melhor deixar de fazer algumas coisas boas, porque não é a hora certa. você aprende que tudo tem a hora certa, e que no tempo... Ninguém manda.Por essas e outras, você aprende a ter paciência, ainda que a muito custo, e também aprende a perdê-la algumas vezes. Normalmente você começa a aprender a perder a paciência com telefonistas, secretários e operadores de telemarketing, entre outros. Mas um dia, se você tiver sorte, aprenderá que perder a paciência não vai resolver seu problema, ou melhor, só vai piorar tudo. Com toda a certeza, você vai aprender muitas coisas: estudar, trabalhar, amar incondicionalmente, educar, ver e ignorar e também vai aprender a perder e recuperar. Aliás, pode ser que você aprenda mais a perder do que recuperar. Mas tomara que você aprenda a ver isto por um lado positivo: você aprende a se fortalecer. Na sua vida prática você também aprenderá muito, como por exemplo, que o fato de você saber que a soma dos catetos é igual à hipotenusa não a atinge em nenhum ponto, e que aquela meia hora antes do almoço estranhamente nunca parece durar só meia hora. Enfim, pode ser que tu tenhas aprendido milhões e milhões de coisas, mas independente disso ou de qualquer outro fato podes acreditar: Em verdade lhe digo, ó, ser humano: aprenderás muito ao longo de tua vida, mas bom será para ti se, ao final dela, tu aprenderes que não aprendeu nada.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Reflexões Minhas Que Não Pertencem A Mim

11 horas. Será que dá tempo de fazer alguma coisa? Ah, se não der, vai sem dar, que é até melhor! Essa vida... Tenho uma hora, talvez duas, mas vai ser mais do que necessário. Muitas coisas para se fazer, mas a preguiça fica aonde? Hora de almoçar, tem gente aqui gritando comigo! Um par de tênis sujo, cabelo bagunçado, óculos nos últimos dias de vida... Aliás, tenho que marcar a consulta, porque não dá pra fazer outros óculos sem receita. Oh, que vida! Onde foi parar minha organização? Não consigo achar minha disciplina, oh! A determinação e a perseverança sumiram... Junto com o equilíbrio!! Oh, o que vai ser agora? Tem advogados que gostam dessas palhaçadas aqui. Tem advogados me seguindo. Não, não é intimação não. Seguindo aqui mesmo. Tem gente que não me responde! Tem gente que finge que eu não existo. Tem gente que me ama (coitados...) tem gente que me odeia. Tem gente que não sabe que eu sou, nunca ouviu minha voz, mas fala comigo direto. Tem gente que acha que eu toco bem. Tem gente acha que sou espiã do governo. Não, não, não tem. Agora eu exagerei. Pode parecer esquizofrenia, mas eu acho que tem gente querendo me matar. Qual o problema, ora? Tem gente que EU quero matar.Olha lá, tem gente que não entende o que eu digo, porque eu falo muito enrolado. Eu não sei falar coca-cola. Sai tudo enrolado, sempre. Tem gente que diz que eu preciso de dentistas, psicanalistas, oftalmologistas (salve Connan Doyle!!), de fonoaudiólogos (isso é médico?), de otorrinolaringologistas... Tem gente que diz que eu falo alto (imagine...), tem gente que diz que eu falo muito (calúnia!). Tem uns que dizem que eu sou muito grande. Como se não bastasse todo esse povo, agora eu arrumei gente pra dizer que eu virei Cult. Tudo acabado pra mim. Não, não. Eu como pão com mortadela, pessoal! Tem gente que gosta das minhas meias listradas com um pingüim desenhado. O que será que tem pra comer? Filé de frango empanado. Tem gente me ligando e avisando pra não me atrasar, porque não quer chegar tarde. Tem gente que me diz pra parar de escrever besteiras, porque eu vou ficar doida. Tem gente que diz que eu sou doida. Pois é, que coisa insuportável. Tem gente que diz que me ama, mas me odeia. Todo mundo conhece alguém assim. Tem gente que me acha legal, e gente que não me suporta. Tem muita gente que eu não suporto mais. Tem muitas coisas que eu não quero mais ver, mas sou obrigada a ver todos os dias. Tem musicas que me deixam felizes. Tem coisas que eu já decidi, e outras não. tem coisas que eu gosto, e outras nem passo perto. tem pessoas que gostam de coisas que eu faço. A sabedoria popular explica quase tudo: tem doido pra tudo.

sábado, 14 de agosto de 2010

Drama Paternal

E então, ao fim de mais uma interminável noite de sexta-feira, o pai, vermelho de raiva, briga com a esposa, que lia tranquilamente um daqueles romances baratos, melosos a ponto de estrebuchar diabético:
-Não sei como você consegue ficar aí, desse jeito, enquanto sua filha pode estar até sendo vítima de assédio sexual.
-E eu juro que não entendo como é que você consegue fazer tanto drama por causa de um aniversário. E não exagere que o Júlio é um rapaz muito decente. Não é nada disso que você está pensando, aliás, é um rapaz muito educado, inteligente, sensível...
-E VAGABUNDO! É isso que aquele moleque é! Ai, se eu descobrir que ele andou ultrapassando os limites... Juro que mato aquele pirralho!
-Deixe de dizer besteiras, homem, que o menino é tão bonzinho!
-Bonzinho, é? Eu é que sei. Já tive a idade dele, sei muito bem o que é que ele quer. Mas com o meu bebezinho ele não vai mexer!
-Ah, Aroldo! Pare com essa conversa, que você ultimamente anda se preocupando muito com essas besteirinhas aí. Desse jeito lhe ataca a gastrite e você cai de cama de novo, mais uma vez! Agora venha dormir, que é só uma festa de aniversário. Aniversário do seu genro. Seu genro, namorado da sua filha de 25 anos, que de bebezinho e de seu não tem absolutamente NADA, quer você queira, quer não queira, e ponto final. Agora esqueça isso e venha dormir. Vamos, ande!
-Está bem, está bem, eu já vou. Mas eu ainda acho que esse namorinho besta está tomando proporções inadmissíveis, ouviu bem? I-NAD-MIS-SÍ-VEIS!
-Ai, ai, está bem, homem, chega!
Proporções realmente inadmissíveis. Tanto que duas semanas depois anunciaram o casamento. Pobre do Aroldo desmaiou ao ouvir a notícia. Atacou-lhe a gastrite. Foi meio contra, dizia que ele era um fedelho inconseqüente e irresponsável, que eles não tinham maturidade suficiente, que era só uma paixãozinha adolescente, porque afinal, você ainda é adolescente, minha filha, você sabe, não é? No entanto, acabou dando uma trégua no final, e hoje, inclusive, é um ótimo avô, super carinhoso, apesar de continuar firme e forte na idéia de que o Júlio, engenheiro pra lá de bem sucedido, não passa de um menino bobão.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Artigo De Opinião: Modernidade

Vivemos numa época de ímpetos. E isto porque tudo aquilo que se veste, se ouve, se usa, tudo aquilo que se pensa e a real motivação pessoal da sociedade moderna é baseada em uma única coisa: o consumo extremo, frenético, desenfreado e excessivo. Consumo de qualquer coisa, com ou sem sentido, motivo, necessidade. E por que tudo isso?
Simples. Na sociedade atual existe uma certa “hierarquia econômica”, onde, acima de tudo e de todos nós, estão todas aquelas empresas privadas cheias da nota, que, para movimentar sua economia (do popular “encher seus bolsos”), vivem criando ídolos e personagens da mídia, que são em sua maioria (ou sempre) aprazíveis aos olhos de seu público-alvo.
Dessa maneira, o público-alvo se contenta com o que vê na TV, se comove com os descarados, digo, disfarçados apelos publicitários em forma humana e passa a fazer parte de todo o esquema bolado pelas empresas. Quando o bendito do público-alvo entra no jogo, as empresas tornam-se donas do dinheiro, já que depois de toda essa lavagem cerebral torna-se mais fácil se usar dos consumidores. Esses consumidores passam então a fazer exatamente aquilo que elas querem: pagam absurdos em coisas inúteis, tornando-se verdadeiros out doors humanos, fazendo mais e mais e mais propaganda e alimentando mais e mais e mais um circulo vicioso extremamente consumista, onde quem tem o poder de compra não é nem de longe o consumidor.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Argila É Cancerígena.

O homem aranha tem um chapéu de palha que, se ingerido sem o auxílio de uma porção de batatinhas irlandesas, pode causar problemas gastro-intestinais.
Além disso, os smurfs tinham o poder de voar com seus corséis azuis e vermelhos, que é a cor do time de volei da escola do batman. No entanto, os dinossauros tinham uma banda de rock. Reza a lenda que alguns deles tocavam melhor que o Keith Moon.
Moon é um apelido para as luzes que podemos ver no fundo do lago ness, na escócia. Dizem que além de um dinossaurinho dóssil e meigo, há neste lago um bando de crocodilos ferozes que ganham a vida como agentes secretos da Microsoft.
Aliás, Microsoft significa Mycroft com "I", "S" e "O", o que, juntando tudo, significa: O irmão de Sherlock Holmes, testado e aprovado pelo rigoroso sistema de qualidade "ISO". Mas isto é só um pequeno detalhe, posto que as aves de borracha eletromagnética do sudoeste da frança não gostam muito de comer macarrão.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Nonsense VI

-Papai, eu estou preocupado. Tem uma coisa aqui na minha boca.
-Ah, sim, são só palavras querendo sair. Bote pra fora, sem medo.
-Tem certeza?
-Claro. Por que eu não teria? Eu tenho muitas coisas. Vou procurar aqui para você.
Pronto, aqui está. Umas gotinhas de certeza, e aproveite, porque nesse frasquinho também tem um chá de desinfetante para limpar a garganta de palavras que não querem sair.
-Oba! Adoro isto!
-Então, tome logo, e bote estas palavras pra fora, menino!
-Sim, sim.
(glub, glub, glub...)
-E então, Sente-se melhor?
-Claro! Afinal, o átomo de esternocleidomastóideo, é inconstitucionalíssimamente obsoleto aos poliaminoácidos de dipropionato de beclometasona, que é inerte a acetilcisteína e claritromicina, já que os otorrinolaringologistas recomendam que se faça pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose pelo menos duas vezes por dia, com acompanhamento de Tetrabromometacresolsulfonoftaleína...

Nonsense V

Tendão de aquiles é fimose, sabiam?
A minha bicicleta tem érnias de disco, e o pior é que eu não sei costurar feijão, porque a tecnologia é tão avançada, que hj em dia é preciso tocar violão.
Por isso, eu resolvi criar a mais nova e avançada armação
Para óculos de raio laser, que ao contrário dos meus,
Não ficam caindo da sua cara o tempo todo.
Não fui feita para isto.
Melhor assim, pois não temos que consertar a nave.
O certo mesmo seria jogar rugby com cortinas despedaçadas, e lavar carros com toalhas de mesa.
E tenho dito.

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Matemática é vida: Suicide-se também com as novas facas TRANSTONTINAS!

Epitáfio De Crocodilos Ferozes

O nome sapo é uma designação genérica de anfíbios da ordem Anura, e em especial da família Bufonidae. No entanto, não sendo uma designação científica, aplica-se também a outras famílias. Por exemplo, o sapo-parteiro pertence à família Discoglossidae, à qual pertencem também as rãs-pintadas.
Existem cerca de 4.800 espécies de sapos. A maioria deles vive próximo a uma fonte de água, muito embora existam sapos que vivam em ambientes úmidos que não são considerados ambientes aquáticos, como a serrapilheira de florestas tropicais úmidas. A necessidade de água é mais premente para os ovos e os girinos do sapo, e algumas espécies utilizam poças temporárias e água acumulada nos ramos de plantas, como as bromélias como sítio de criação.
O sapo se distingue da rã pelas membranas interdigitais pouco desenvolvidas e pela pele mais seca e rugosa. Geralmente, vive em ambiente mais seco.
E É POR ISSO QUE EU SEMPRE DIGO: SE BARBA FOSSE SINAL DE RESPEITO, BODE NÃO TINHA CHIFRE, ENTENDE?
Porque afinal, nós somos criaturas cibernéticas de origem metafísica dos canaviais do sudeste da Ásia, sabia? E também temos que consumir batatas em excesso, porque janelas de vidro são armas nucleares criadas para destruir todos os ratos e aranhas do planeta júpiter.

Egocentrismo Suicída

“Estou com medo. Tive um pesadelo.” Não, não é plagio, é uma citação. Isso porque eu realmente estou com medo, e isso porque eu realmente tive um pesadelo. Um dos mais bizarros. Eu sempre tenho sonhos bizarros, mas este... Uma criancinha loira e com carinha de anjinho queria a todo custo matar-me. Com uma faca. Ela tinha cerca de cinco anos, e usava aparelho azul nos dentes, o que é muito estranho. Quem usa aparelho aos cinco anos? E ainda por cima era azul. Era uma menina, meninas de cinco anos não usam absolutamente NADA azul (eu confesso, aos cinco anos minha cor preferida era azul, mas não é de se espantar, já que estamos falando de MIM). Exceto Dakota Fanning, meninas de cinco anos não querem matar pessoas. E ainda por cima, quando a garota vinha me atacar, eu tentava socar-lhe uma bordoada no meio da cara, e por mais que juntasse toda a força dos dois braços (que cá entre nós, não valem mesmo muita coisa), não conseguia atingi-la. Era como se tivesse algo me impedindo. Eu confesso também, que meu cabelo aos cinco anos não era toda essa “Castanhera” que é hoje. Eu era meio loirinha. Mas nunca tive de usar aparelho. Bem ou mal, meu único problema está nos olhos. Talvez, a garota fosse eu mesma, e talvez o aparelho servisse apenas para estampar a minha cor preferida naquele tempo. Talvez, isso signifique que eu seja uma psicopata em potencial desde os cinco anos de idade. Talvez, isto tudo esteja implícito nestes sonetos sem pé nem cabeça, nessa vontade louca de inventar malícia nos contos inocentes para crianças, nessa necessidade quase egocêntrica de contar meus sonhos bizarros num blog com naipes de carta como plano de fundo. Egocêntrica. Tenho a leve impressão (e minha leve impressão rapidamente se expande, e torna-se uma certeza incontrolável) de que ando muito egocêntrica nesses últimos tempos. Primeiro esse negócio de twitter. Agora, é essa coisa de sonhar toda noite com alguém querendo me matar com uma faca, pra ser bem cruel. Por que eu me dou tanta importância? Pra que raios alguém quereria me matar? Que diferença eu faria, estando ou não neste mundo? Quem teria motivos para me odiar, além de mim, da torcida do Corinthians e dos coloridinhos? Brincadeirinha, brincadeirinha. Mas então, por que, meu Deus, por que alguém teria motivos para matar uma escritora de blog de 14 anos, cujo passatempo preferido é montar quebra-cabeças? Ser inútil não é motivo para ser odiado. Isto é bom. Mas também, pessoas inúteis geralmente não batem muito bem. Na escola, por exemplo, de vez em quando aparecem parafusos, objetos bem estranhos ao ambiente escolar, mas, quando eles surgem, vem dizer que caíram da minha cabeça. É, não tem a mínima graça. Eu nem rio mais. Mesmo assim, eles não param de aparecer, e quando aparecem, os piadistas fanfarrões vem me dar. Eu sou calma. Se as pessoas fazem piadas realmente engraçadas a meu respeito, que motivos eu teria para não rir? Eu rio mesmo. Mas isso, realmente já perdeu a graça! Enfim, este foi apenas um pequeno exemplo da minha fama de psicologicamente instável. Aliás, ser conhecida como psicopata em potencial já implica em ser meio anormal. Eu tenho motivos concretos para acreditar que aquela garota demente de cinco anos sou eu, e que no meu inconsciente, eu quero me matar. Oh, boy, too bad!
Obs.: mentira. Eu me amo incondicionalmente. Se há um ato que eu definitivamente não cometeria, é suicídio. Meu egocentrismo não permitiria. Bah! Chega!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Nonsense IV

O tempo passou:
Mandou lhe avisar:
Nunca mais irá voltar,
E, amargo, disse que nunca parou.

O tempo não vacilou,
Quando veio me contar:
Para todos há de chegar,
E, indiferente, disse que nunca falhou.

O tempo, como sempre apressado,
Mandou lembranças a quem quer que seja,
E saiu dizendo estar muito ocupado.

Aquele tempo se foi, como quem sai atrasado,
Só deixando uma angústia, “onde quer que esteja”,
E fugiu como o que já não era lembrado.

Nonsense III

Pois então,
Veja, companheiro, como as coisas são...
Hoje, as águas de abril é que fecham o verão;
Absurdos? Muitos ainda virão!

No meio de toda esta instabilidade sem fim,
Aqui é lá, lá é ali, agora tudo é assim!
Uns vão, outros ficam, ninguém entende de nada...
Oh, mas que bagunça, que coisa desorganizada!

Tudo virou uma balburdia total,
Assim como estupidez tornou-se febre nacional.
Mas devemos nos ajudar? De quem devemos nos proteger?
“Quem é o inimigo, quem é você?”

Todos parecem muito animados,
Mas, sejamos sinceros: não há mais príncipes encantados!
Os poucos que possuíamos, foram... Coitados...
Abduzidos e alienados...
Creio que por alienígenas...
Ou seriam indígenas disfarçados?

Bah! Que maluquice! Oh, que confusão!
Há um poeta louco, em meio à multidão,
Que, para alegrar um pobre cidadão,
Faz rimas sem nexo, poesia barata e mera loucura,
Já que todos sofremos de males sem cura:
Paixão, tristeza, solidão...
Ou seria apenas medo da escuridão?

domingo, 13 de junho de 2010

Nonsense II

Entre mortos e feridos, eis a salvação:
Árvore que dá maçã é a bananeira.
E assim caminha a humanidade sem eira nem beira,
Ao passo do elefantinho babacão.

Feitas de água e sal as bolachas são.
Uma canoa é feita de madeira,
Mas perguntar quanto é preciso é besteira.
Então seria o mar um grande biscoitão??

O sentido disso tudo, ainda não foi descoberto,
Melhor assim, pois pode esfriar,
E aí ele fica constipado.

Se o portão está fechado,
É previsível imaginar,
É porque não está aberto.

sábado, 12 de junho de 2010

Nonsense I

Se tudo é uma questão de tempo,
Por que a matemática quer que EU resolva?

Essa vida é mesmo indecente,
O começo é contente,
O destino, indiferente,
O final, reticente...

E todo o resto é meio,
E todo o meio é devaneio,
E se estamos aqui a passeio,
O que antes ficou para trás é o que hoje conosco veio.

Nem sempre os meios justificam finais,
Nem todos os filhos honram seus pais,
Uns criticam demais,
Mas não se vê o que se faz.

Dizem que é bom pensar no futuro,
Logo, para que não fiquem em cima do muro,
Vou escolher e providenciar meu caixão:
Livro os enlutados da decisão,
E quando para meu coração,
Serão festas, e a alegria se espalhará pela multidão!
Daniele Molina.

domingo, 30 de maio de 2010

A careca da Rapunzel...

Olá, mamíferos, ovíparos, cnidários, répteis e marsupiais, herbívoros e canibais, vegetarianos e carnívoros, onívoros e lipídios, seres vivos ou mortos, reencarnados e afins... Hoje teremos a honra, ou melhor: o privilégio de contar a vocês mais uma historinha boba, inútil e maravilhosamente sem sentido: a careca da Rapunzel! Você, assim como eu, meus primos, irmãos e amiguinhos do pré, e como toda boa criança, com toda a certeza já ouviu a história da Rapunzel, uma menina que foi trancafiada numa torre, e vivia sob o feitiço de uma bruxa, e foi salva por um príncipe, e nhém, nhém, nhém... Enfim, é mais ou menos verdade, mas tem muitas partes que preferiram esconder, transformando a história de vida de Rapunzel num grande e terrível eufemismo!
Bem, a vida de Rapunzel, desde o início, nunca foi fácil como a da Paris Hilton: no berçário, ela foi trocada, e ao invés de morar em um castelo como aqueles europeus que se vê muito nesses contos babacas, foi entregue a um traficante de cabelos (para você ver, como as coisas andam...), e viveu muitos anos em cativeiro. Agora, vamos pular para a parte em que ela tem vinte anos, que é quando as princesas de contos de fadas são salvas por seus príncipes. Eis que surge um viajante. E todos pensam: “oh, agora a garota será salva, porque apareceu um príncipe”. Mas, como quem manda aqui sou eu, e como eu quero que este seja um conto de fadas nem um pouco ortodoxo, o viajante foi morto pelos traficantes. Não me critique, apenas preste atenção ao que acontecerá a seguir. Os traficantes saem para dar um jeito no corpo, e a Rapunzel careca fica sozinha em casa. E agora sim, aparece outro viajante. E nas cabecinhas de vocês, o seguinte pensamento: “oh, agora esta autora imbecil vai deixar Rapunzel escapar”. Mais ou menos. Digamos que vocês erraram. Neste momento, o viajante bate a porta, e a infeliz vai atendê-lo. Ele pede um copo de água, e pergunta por que ela é careca. Ela lhe explica a história, e ele fica penalizado. E você imagina: “oh, agora ele pedirá a sua mão em casamento”. Ora, não me amole! Ele lhe convida para fugir com ele e com seu namorado, ela aceita. Sim, ele é gay. Algum problema? Pois então, vamos continuar. Ao contrário do que você pensa o viajante e seu namorado não são ricos, mas tem pelo menos um carrinho, e então eles fogem com um dinheiro que os traficantes muito burros, deixavam debaixo de um sofá. O viajante gay, muito esperto, dá à Rapunzel uma peruca, que segundo ele ficou um PE-RI-GO! Eles chegam a um lugar legal, onde tem um castelo daquele tipo europeu, como dos contos de fadas, e conhecem uma princesa que lhes mostra o reino. E todos podem imaginar: “oh, esta é a parte em que Rapunzel descobre seus pais verdadeiros”. Por pouco. Na verdade, a princesa não era a trocada. Sim, era apenas mais uma. Depois de tornarem-se amigas, a princesa lhe deu dinheiro, roupas, jóias e uma missão: matar um traficante de cabelos, que por que eu quero e porque eu mando, era o mesmo que prendera Rapunzel por anos. Eles aceitam a missão com um sorriso maligno nos lábios, e partem para sua jornada. Mas, como eu não estou a fim de contar tudo em detalhes, só lhes digo que não sobraram nem restos dos traficantes. Os três voltaram para o reino, receberam suas generosas recompensas, montaram uma empresa de perucas, e aí, você com toda a certeza, vai pensar: “oh, agora eles viverão felizes para sempre”. Veja bem, como eu que mando, eu quero que você saiba: se eu não estivesse com tanto sono, com certeza eu inventaria mais um monte de coisas aqui, e ficaria enchendo lingüiça, e falando mais um monte de baboseiras, mas... Ah, quer saber? Para essa garota aí, do jeito que ela já sofreu, eu ainda arrumo um namorado bonitão, inteligente, carinhoso, bem-humorado, que não deixa toalha molhada em cima da cama, e... Particularmente, eu não acredito nenhum pouco em finais felizes, mas abro uma exceção... Só para ela! Não acostumem não, estão me ouvindo?! Eu vou voltar, está bem! Eu vou voltar e...
ATENÇÃO: É COM GRANDE PESAR QUE INFORMAMOS O ESTRANHO DESAPARECIMENTO DE NOSSA QUERIDA AUTORA, POR MOTIVOS ALHEIOS A NOSSA VONTADE. PODE FESTEJAR A VONTADE, MAS PARE DE LER. PARE DE LER AGORA, PARE DE LER, ESTÚPIDO! NÃO VAI PARAR NÃO, É? SIOP OÃTNE UE UOV REVERCSE ED ETNERF ARAP SÁRT. ODIPUTSE, ERAP ED REL ASSE AGORD ESSEN OTAXE OTNEMOM, UO IAV ES REDNEPERRA!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A Verdade Sobre Cinder

Olá amiguinhos! Eu sou a autora desta... História... E hoje, estou aqui, devido a um probleminha, ou a solução dele, seria o termo mais apropriado... O narrador despediu-se semana passada, ou melhor, foi despedido. Seria difícil estar aqui e na delegacia ao mesmo tempo... Mas, a vida é assim, cheia de surpresas, pequenos... Bem, vamos então à história de hoje, A verdade sobre Cinder!
Era uma vez uma menina boazinha que tinha uma madrasta má e duas irmãs piores... Calma aí, esse livro está de brincadeira comigo, não é? Faça-me o favor, seu livro! Todo mundo sabe, que essa Cinder aí não é nenhuma santinha mesmo! Para que ficar disfarçando as coisas? Aqui não há contos de fadas e animaizinhos que falam, e sim a verdade, amigos! Está bem, está bem, me empolguei um pouco, mas, como todos estão mais do que cansados de saber, a Cinder não era santa. Ela infernizava todo mundo, só porque era órfã, com aquele discurso de que era sofrida, não tinha pai, e era judiada pela madrasta, e blá, blá, blá. Mentira! Sofrida coisa nenhuma, vivia na maior das mordomias, se fingia de santinha, mas era mesmo uma grande falsa! As duas irmãs eram realmente duas patricinhas metidas e fúteis, mas judiar de Cinder? Aí já seria demais, não é mesmo? Cinder era uma assassina profissional, amigo! Essa é a verdade! Pode chocar-se a vontade, lembrando da doçura de seus pais contando que Cinder era doce e humilde... ERA TUDO UMA FARÇA, AMIGO! Cinder matou, a sangue frio o próprio pai, numa noite chuvosa. Matou a mãe em uma noite de verão. Matou muitos cidadãos de bem, em noites de outras estações do ano. E em dias também. E agora, criança, você se pergunta: por que Cinder faria isso? Eu lhe respondo: por dinheiro! Veja aonde este mundo vai parar! Por dinheiro! Cinder pertencia a um grupo de extermínio. Matava devedores, agiotas, maridos traidores, ou qualquer outro tipo de ser humano. Pois bem, agora, a próxima vítima era o príncipe todo bonitão, que cá entre nós, era bem melhor de boca fechada. Um doce de menino, mas burrinho... Se Cinder executasse a tarefa de maneira correta, pagar-lhe-iam uma fortuna inestimável, já que o príncipe era muito invejado. Eis que surge a oportunidade que Cinder, a matadora, não poderia perder; um baile. Oferecido pelo príncipe bonitinho. O plano era simples: ela diria estar muito cansada para ir ao baile, e quando as irmãs patricinhas saíssem, entraria em ação. Usaria uma máscara, e iria ao baile, pronta para exterminar o pobre príncipe. Era só dançar com ele, e afastá-lo da droga de baile, prendendo-o em uma terrível e fatal armadilha. Eis que é chegado o dia do baile, e, com tudo planejado para acontecer as onze e meia, Cinder espera suas irmãs saírem, e sai em seguida, mascarada e armada até os dentes, caso houvessem guardas. À hora do crime, o príncipe palerma já totalmente rendido aos encantos da bela Cinder, aceita seu convite para se afastarem dali, e logo, estavam caminhando pelo bosque escuro e perigoso... Para ele. Eis que, enfim, o príncipe envia-lhe um sorriso encantador, e é correspondido... Com uma arma em forma de sapato de cristal apontada em sua direção (deixando James Bond no chinelo).
-Fim da linha, seu estúpido!
O barulho de um tiro assustou a todos os convidados da festa, que saíram correndo horrorizados. O relógio marcava exatamente meia noite, e, Cinder deixava o local do crime sorrateiramente como um lagarto no deserto.
Andando pelos becos escuros onde explode a violência, Cinder é surpreendida por um revólver em sua cabeça.
-Onde pensa que vai, “gata borralheira”? - Um par de algemas prende as mãos de Cinder rapidamente, enquanto uma mão tapa sua boca – você está presa em nome do rei. Ou melhor, da lei. Tanto faz, o rei é a lei nos contos de fadas, então, é tudo a mesma coisa. Não interessa, você está presa e agora, qualquer palavra que você disser poderá ser usada contra você, bandida!
- Mas quem é você para me prender, hein?
- Sou o agente secreto narrador!
Mostrando o distintivo, o agente secreto narrador prende a bandida de alta periculosidade no camburão em forma de abóbora e a leva até a delegacia dos contos de fadas, onde está presa a fada do Shrek, para que ela apodreça na cadeia (porque só mesmo no mundo dos contos de fadas a justiça realmente funciona, entendem?).
E agora, como se deve dizer em todo final feliz, “mais uma vez o dia foi salvo pelo Narrador!”

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Crianças Preconceituosas...

Vocês são sempre assim. Sempre me culpando, sempre me julgando, no entanto nunca param um segundo sequer para me escutar. Nunca me entenderam. Nunca quiseram saber o que se passa do outro lado do armário, debaixo da cama, atrás da porta, e os meus sentimentos? Minha versão das histórias ninguém quer ouvir, e isso por quê? Simplesmente porque eu não tenho bochechinhas gordinhas, não faço xixi na cama, não troco R pelo L não assisto backyardigans e não faço desenhos coloridos para pendurar na geladeira. Não existe dialogo quando se toca em meu nome: todo mundo já vai criticando, falando cobras e lagartos a meu respeito. Muitas vezes, inclusive, seus pais, querendo sossego, falam em mim como se eu fosse uma ameaça a humanidade, um terrível e perigoso monstro. Pequenos, peço a vocês um pouco de compreensão! Entendam, amiguinhos; ser um monstro famoso não é fácil: toda noite é por minha causa que você vai dormir com seus pais, e me deixa sozinho no quarto, debaixo da cama, sem nenhum cobertor e travesseiro fofinho. Desde que você se entende por criança, e como toda criança que se preze, você chora, esperneia, de vez em quando até faz xixi no pijaminha listrado que a vovó deu no natal quando falam em bicho papão, homem do saco (que mais tarde você entenderá por seqüestrador e não por monstro), Chico – picadinho (esquartejador) ou qualquer outro Mané que meta medo em pimpolhinhos da mamãe e bebês – Johnson. Agora pare de olhar para o Barney e preste atenção, por favor! Eu não sou mal! Não tanto quanto pareço... pelo menos um dia, você verá, que aquele seu tio fanfarrão é pior do que eu, por exemplo: eu não ultrapasso faróis vermelhos, não falo ao celular enquanto dirijo, já seus pais... nunca em minha vida eu poderia machucar você, posto que sou fruto da sua própria imaginação, em compensação seus coleguinhas do colégio te mordem todos os dias, e você não tem medo deles, do contrário, não trocaria figurinhas com os mesmos. Eu nunca tive um rosto de verdade, pois nos seus sonhos sou de um jeito, e nos das outras crianças, sou diferente. Eu nunca tive um all star azul de velcro, uma colher colorida ou uma canequinha de plástico só meus. Ninguém passa geléia na minha torrada porque eu sou um monstro feio e ninguém gosta de mim. Quando eu choro, como agora, ninguém me dá o que eu quero, e nem canta musiquinhas para dormir. Nunca tive um Max steel e um hot wheels. Imagine você, o que me aconteceria se eu quisesse um paninho ou um ursinho para dormir. Minha vida é ficar atrás da porta, esperando o beijinho de boa noite que você recebe e eu não, e quando as luzes se apagam, eu tento conversar com você, mas você não me dá nenhuma chance, sai correndo assustado e vai tirar a paz e o sono da mamãe. Mas não é bem assim: eu não queria assustar. Eu não queria ser mau. Eu tenho sentimentos. Você que é preconceituoso. Vai me ignorar, né?! Tá bom! Nem queria mesmo!

Negocinho Vermelho

Olá, crianças, hoje graças ao nosso grande e bom Deus, aquele estagiário insuportável faltou, para a alegria e melhor desenvolvimento da humanidade, e eu me pego pensando: terá morrido? Terá sido atropelado? Tomara, não é mesmo? Pois bem, já que teremos paz hoje, lerei a vocês aquela historinha super divertida da menininha pentelha com um laço vermelho, alguma coisa vermelha, tipo sangue, ou chapéu:
Era uma vez, uma menina insuportavelmente chata e desobediente, que não se contentava em encher o saco apenas da mãe, mas também da pobre avó, que mesmo com o pé na cova, tinha que agüentar a infeliz todo dia na sua casa, coitada!
Pois certo dia, a menina do negócio vermelho foi até a casa da pobre velha com uma mochila cheia de lanchinhos, salgadinhos, bolachas, chocolates e tortas gostosas, e refrigerantes e mais um monte de coisas, e... Ai, que fome!
(pigarreando): Bem, aonde é que eu havia parado? Ah, sim, me lembrei! A mãe da tralha disse para ir pelo caminho certo, mas, estamos falando de uma menina chata e sedentária, que quer cortar caminho pela floresta do lobo salvador da pátria (aquele mesmo que nos fez o favor de acabar com a raça dos três porquinhos chatos). A menina do negócio vermelho foi andando e cantando, e cantava mais alto, e cantando e andando, e... CHEGA! Que voz horrível, menina, cale essa boca, pelo amor de Deus! (eu odeio esse trabalho!)
Quando ela se deparou com o lobo salvador da pátria, perguntou-lhe:
-Ô seu lobo, o senhor é feio assim mesmo ou isso é só uma máscara?
-Na verdade hoje, eu resolvi sair de casa com um espelho na cara, pequena criança! Agora não me amole, e diga lá: o que há nessa mochila maior que você?
-Nada não, são só uns lanches pra minha avó!
-Legal, bem na hora do almoço! Agora me passa essa mochila aqui, vai, anda rápido, menina chata!
-Olha para a minha cara de quem alimenta lobo vagabundo! Agora, se me permite, vou andando, que a minha avozinha está doida por uns docinhos!
-Insolente! Você verá o que eu vou fazer com esses docinhos, garota!
E a menina do laço sangrento saiu, mostrando a língua para o lobo, que não perdeu tempo, e foi correndo até a casa da vovó. Chegando lá, bateu na porta dela, que por sinal, era uma antiga amiga sua, e ficou bem feliz em receber uma visita agradável.
-Ô dona Gertrudes, aquela sua neta chata está vindo aí, melhor se esconder rápido, e deixe um bilhete dizendo que foi a feira!
-Ó, que terrível! Muito obrigada, seu lobo, por me avisar! Pelo menos hoje me livro daquela peste! Mas... Como faremos para que ela não me veja aqui?
-Elementar, minha cara Gertrudes! Eu tenho um plano! Venha comigo!
Enquanto isso, a menina do laço sangrento passeava pelo bosque, cantando com sua voz terrivelmente assombradora, levando a mochila para a casa da avó, que a essa altura, está jogando baralho com o lobo doidão e o lobo salvador da pátria, que são ótimos amigos. Quando a peste chegou à casa da dona Gertrudes, bateu, bateu e bateu na porta, mas ninguém veio atendê-la (situação comum quando não há ninguém em casa). Que engraçado! Deu-se mal! Tenho frouxos de risos ao imaginar esta cena! Então, ela lembrou-se das palavras vingativas do lobo vingativo, que com certeza tem alguma coisa a ver com essa história!
(pensa consigo mesma): tenho que achar o esconderijo do lobo!
E a menina é tão pentelha, chata, insuportável, inconveniente, que achou mesmo a porcaria do esconderijo! Droga!
O lobo doidão, que é burro como uma porta achou que fosse o motoboy e a pizza de calabresa, e foi atender, mas, era a pentelha insuportável, que veio “buscar” a dona Gertrudes, pobre coitada!
-Vovó! Que bom que a encontrei! Esses lobos inescrupulosos e nojentos lhe fizeram algum mal? Eu já chamo o caçador, só um minutinho...
-Não será preciso, sua insuportável! Você caiu na armadilha! Até eu que sou o caçador de lobos, não agüento mais você! Você é tão chata que me liga todo dia para torrar a minha paciência! Pois agora, eu lhe digo: não vou te ajudar! Nos últimos dias, andei conversando com o lobo, e ele disse que você é quem fica cantando aquelas musiquinhas insuportáveis do Barney! E ainda por cima, com essa voz horrível, tenebrosa! Adeus, menina chata!
E foi-se embora o caçador. A menina ficou triste, nunca havia percebido que era tão chata assim. Apelou para a avó:
-Mas você ainda gosta de mim, não é vovó?
-Nem um pouco! Você é adotada, sua chata! Você me irrita todos os dias, trazendo esses doces, parece até de propósito, como se não soubesse da minha diabetes!
A vovó foi embora. A menina abaixou a cabeça. Na verdade, não sabia da existência de nenhuma tia Bete, mas achou melhor não dizer nada. Tentou falar com o lobo doidão:
-Senhor lobo, pelo menos o senhor vai ficar do meu lado, não é mesmo?
- Estou fora! Você é a garotinha mais chata que eu conheço! Eu hein! Vou vazando daqui, isso sim! Vamos salvador?
-Já mesmo!
O lobo doidão e o lobo salvador da pátria se foram. Só sobrou a chatinha vermelho. Ela no fundo, não era uma pessoa má, só queria um amigo, um namorado, ou alguém para encher o saco. É um tipo de doença mental, é novo, não se trata de uma simples loucura, como a da autora dessa porcaria de história, que pelo amor de Deus, é realmente muito ruim. Deprimida e sozinha, acabada, sem ninguém para encher o saco, decidiu se suicidar. Mas, antes que pudesse achar qualquer objeto pontiagudo ou cortante, eis que chega alguém, um rapazinho a porta, acena para a chatinha vermelho, e diz:
-NÃO! Não se mate coisinha! Eu sou seu fã, sempre fui e sempre serei e não permitirei que você faça algo assim! Sou o estagiário! E avisem ao narrador que eu nunca mais quero ir até essa porcaria de trabalho! Eu odeio ele e todos vocês! Faltei hoje porque sabia que ele ia acabar com a coisinha, como fez com os três porcos idiotas, e vim impedir! Eu a amo, garotinha! Sei que nunca alguém teve a coragem de dizer isso antes, mas, é a verdade! Seus cabelos negros, e esse negocinho vermelho não me deixam dormir desde a pré-escola, quando ouvi sua história pela primeira vez! Case-se comigo!
Pedido aceito, todos felizes! Não é ótimo?
E as duas malas viveram felizes para sempre, tiveram muitos filhinhos chatos e eu fiquei livre daquele infeliz!

Moral: imoral. Totalmente. Esse fim ficou terrivelmente péssimo, é uma “chapeuzinho dark” e seu namorado estagiário estúpido. Ah, lastimável. Vou-me embora logo, antes que inventem “o lado oculto de Cinder”. Credo!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Era Uma Vez, Um Gato Xadrez... (nonsense dos tres porquinhos)

Era uma vez, uma menina boazinha, que tinha uma madrasta má, e duas irmãs piores...
-Não, narrador, não é esta história... A outra página!
-Ah, sim, claro, muito obrigado, meu filho... Estagiários...
(pigarreando): pois bem, amiguinhos... Hoje vou ler a vocês o romance de Jorge Amado, Mar Morto...
-NÃO! Senhor narrador, não este livro, é o outro, amarelo, ali atrás, veja...
-Ah, sim, aqui, este, achei...
(morrendo de vergonha, querendo matar seu estagiário, e pigarreando outra vez): Sim, pequenos, esta história começa no dia em que três porquinhos bem alienados, que achavam que saberiam viver sem a mamãe saíram de casa...
Os porquinhos fanfarrões foram embora, dizendo:
(porquinho nº 1, mais velho, e nem por isso mais maturo): não precisamos dela...
(porquinho nº2 teria que ser o do meio, mas hoje eu quero que ele seja o mais novo, então, será o mais novo, e mais idiota): com certeza, maninho, vamos nos virar muito bem!
(porquinho nº3, um porquinho besta e mimadinho, que batia no mais novo, e apanhava do mais velho): calem-se! Estou ouvindo um barulho estranho...
(nº2, querendo fazer graça): deve ser sua barriga, mano!
(nº1 quer impor respeito porque nasceu antes): isso porque a barriga dele é vazia como seu cérebro! Cale-se, porquinho mais novo e idiota!
Calaram-se todos por um minuto, a fim de entender do que se tratava o barulho, e logo, como eram todos uns dementes, chegaram à conclusão de que não era nada, e que o porquinho que ouviu um barulho (não me recordo agora qual deles falou isso) era um doido.
Os três porquinhos, exemplo perfeito de como ser bobo e perfeitamente idiota, decidiram enfim, construir uma casa, afinal, teriam que dormir em algum lugar, e não sabiam aonde. Pensando nisso, o porquinho nº3, que antes era o porquinho do meio, mas agora quero que seja o mais velho, chamou o do meio, que agora será o nº1, e ordenou-lhe que construísse um palácio para ele. O porquinho do meio, que também era bobo, disse que não faria palácio coisa nenhuma, e que, se ele quisesse uma lenha, ou um tijolinho, teria que pegar sozinho. Os porquinhos, depois de muito discutirem, decidiram que quem quisesse ter uma casa para dormir, teria que fazer uma. O porquinho mais bobo e mais novo foi o primeiro a começar sua casa e ao passar duas horas terminou uma casinha horrível que mais parecia uma barraca de acampamento, deitou-se e foi dormir. O porquinho mais velho, bem burro, buscou na selva umas folhas e cipós, e também alguns galhos, fez uma casa bem vagabunda e foi dormir. O terceiro porco, o do meio, esperou os dois irmãos dormirem, e deu no pé, a chamar o lobo doidão, seu amigo inescrupuloso de ginásio, parceiro de bagunças e guerras de bolinha de papel, para que desse um susto nos outros dois irmãos.
O lobo doidão estava doente, e então, não poderia ajudá-lo. Vendo-se sem casa, e sem farra, o porquinho besta resolveu ficar ali com o lobo doidão, fazendo-lhe companhia. Ao calar da noite, no silencio e na escuridão, os dois porquinhos, bobo (caçula) e idiota (mais velho) dormiam em suas casas horrorosas e mal construídas, enquanto o lobo mal e selvagem da silva, que fazia jus a seu nome, e devorava porquinhos bobos, idiotas e bestas, em apenas um instante, veio se aproximando, bem quietinho, bem astuto, das casinhas dos porquinhos. Está certo que, se o lobo mal e selvagem da silva devorasse os porquinhos, bobo e idiota, faria um imenso favor a humanidade, mas infelizmente, os porquinhos são os protagonistas, e sendo assim, não podem morrer no final, o que, aliás, até me faz desanimar de contar essa história do jeito certo. Já sei! Vou inventar o resto da história, para termos mais emoção! E que aquele estagiário metido e inútil não me interrompa, e nem me ensine a executar minha profissão, ouviram bem? Que não me interrompa!
Pois bem, paramos na parte em que o lobo mal e selvagem da silva ia chegando perto da casa dos porquinhos, e ia chegando perto das casinhas, e ia... Opa! E agora? Qual casinha ele ataca primeiro? Na história real, diziam que ele iria primeiro a casa do mais novo, mas se for a uma casa o outro vai ouvir o barulho dos ossos sendo quebrados, e dos gritinhos do porco bobo, e vai sair correndo, depois de ver a sombra do lobo mal. Melhor fazer de uma forma diferente: as casinhas dos porquinhos eram bem uma do lado da outra, e então, o lobo mal e selvagem da silva, que, a esta altura já nem é mais tão mal e selvagem assim, e pode muito bem ser chamado de salvador da pátria, poderia muito bem derrubar as duas casinhas com uma mão, e com a outra agarra os irmão que sairiam correndo com o barulho.
Brilhante! O lobo salvador da pátria derrubou as duas casinhas e os dois acordaram, saíram correndo, e foram agarrados pelo lobo salvador da pátria! Eles foram despedaçados, destroçados, desossados! Ah, que alívio! Eles eram dois insuportáveis mesmo, e... Ei! Espere aí, seu lobo! Não eram três porcos inúteis? Sim, três, veja: bobo, que era o mais novo, aqui jaz, viveu apenas doze anos de idade, o idiota, que era o mais velho e viveu dezoito, e o do meio, o porquinho Besta! Este o senhor não pegou, senhor seu lobo! Ele está lá na casa do senhor seu lobo doidão, que está doente!
(senhor lobo salvador da pátria de meia pataca, com cara de interrogação): bem, sendo assim, vou até lá, visitar meu compadre doidão, e pegar o porco besta!
E assim foi o senhor lobo salvador da pátria de meia pataca, a pegar o porco besta e cumprimentar seu amigo. Chegando lá, os dois dormiam. Foi bem fácil. Devorou o porco besta em dois segundos e, ouvindo os ruídos, o lobo doidão acordou:
(lobo doidão, com voz de gente gripada, e garganta inflamada): amigo mal e selvagem, quanto tempo! O senhor viu o porco besta por aí? Aquele infeliz disse-me que me faria companhia e fugiu! Ainda pego ele!
(lobo salvador da pátria por completo): não precisa amigo! Já o devorei agorinha há pouco! Ele e seus dois irmãos, imbecil e estúpido, ou outros nomes assim!
(lobo doidão): Oh! Que bom que o senhor acabou com aquela família de porcos falsos e invejosos! Aquele porco besta era mesmo muito mentiroso!
E assim, os lobos amigos tomaram um chá, e jogaram baralho, e ficaram conversando, e como diria uma antiga professora minha do primário, “acabou-se a história, e morreu vitória”, ou algo assim. Nem me lembro, eu odiava essa frase!
Moral: seria melhor ter lido Mar Morto!

segunda-feira, 22 de março de 2010

E São Mais Quantos?

E atenção, senhoras e senhores, respeitável público, mais uma semana passou, e mais uma chegou! E mais um milhão perdeu o ônibus, e um milhão nasceu, e um milhão morreu. e mais uma porção atrasou cinco minutos e o emprego perdeu. E mais um marido tentou matar um amante, mais não precisa de violência, camarada! E mais um pai implicou com um vestido curto, e olha isso, dá pra ver tudo! E mais um boêmio acordou às cinco... Para o meio dia... E mais um milhão que passou pelo pior dia de sua vida e descontou na parede, que raxou provando que era realmente o pior dia. E mais, e mais, e mais...
E foram muitos os que falaram "mamãe" pela primeira vez, e olha só essas bochechas, que coisa fofa! E muitos mais que viajaram a negócios, e voltaram, e nem ligaram, e antigamente você não fazia isso, amor, lembra? E mais um safado que trouxe um brinco e ficou tudo certo, e mais uma dieta que falhou, e uns quilinhos engordou...
Mais milhares de crianças foram esquecidas nas escolinhas, e choraram, e choraram, e esqueceram, e brincaram. E mais um ladrão assaltou uma moça indefesa, polícia para quem precisa, e há mais um skatista ferido no hospital, e mais uma gangue de pichadores apanhou, e mais um cidadão de bem leu indignado as notícias no jornal, e mais uma discussão entre cobrador e motorista a respeito de futebol, e eu, particularmente, acho que deviam trocar o centro-avante, e mais uma discussão sobre quem pega esse táxi, seu grosso, não lhe ensinaram como se trata uma dama? Desculpe o mal jeito aí, dona!
E agora, muita atenção, para mais uma repetição, de "mais uma":
e foi assim, que mais um gay se assumiu, e uma ovelha negra sumiu, e dale mais uma semana com chefe estressado! Ufa! Que vida, viu!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Vira-Lata Estudioso... É Um Problema!

Atenção, senhoras e senhores, amigos do "pastel", venho humildemente contar-lhes mais uma cômica e trágica história, que começa mais ou menos na hora em que a mocinha sai de casa para ir à escola. Ao abrir o portão, o cãozinho de estimação, muito malandro, decide que vai dar uma voltinha pelo bairro, e a mocinha, atrasada, nada pode fazer se não deixá-lo sair, já que se trata de um vira-lata de marca maior, que não se conforma em ficar dentro de sua casinha, com seus cobertores, e sua comidinha no potinho em frente a casinha. Estamos falando é de um vira-lata safado, que quer ganhar o mundo, não é mesmo? Pois o bicho sai rapidamente, como se fugisse de alguém, e a garotinha nada pode fazer, posto que está muito atrasada. Eis que no meio do caminho, a garotinha percebe-se sendo seguida pelo querido animal, que, muito contente, passa a andar na sua frente. Bem, é algo no mínimo estranho, mas não volto com ele de jeito nenhum, pensa ela. Isto passa a se tornar um problema ao longo do caminho, quando, já longe de casa, ela percebe que ele é um cão muito decidido, e no momento, parece bem disposto a acompanhá-la até a escola. Já nervosa, a garota faz de tudo, grita com ele (como se fosse adiantar alguma coisa), liga para casa (mas, como já deve ser de conhecimento geral, telefones-celulares são fabricados para serem usados em emergências, mas quando você realmente precisa deles, te deixam na mão), enfim, faz de tudo para ele voltar para casa, mas ele não parece demonstrar interesse em voltar, e sim em segui-la. Ao chegar na escola, liga para casa novamente, pela quinta vez, mas novamente, pela quinta vez, ninguem atende. Ao que tudo indica, o cão pretendia mesmo era ficar na escola, estudar, trocar idéias, fazer amigos... Essa é boa! O que acontece agora? Bem, depois de explicar tudo à secretária, que saiu rindo para abrir a porta da secretaria, eu liguei novamente para casa, mas o resultado: tive de voltar com o bendito cachorro para casa, e no meio do caminho, para completar, o bicho some! Dá pra acreditar? O cachorro, a dez anos com a família, some assim, de uma hora para outra, no meio da rua! E então, mais do que simplesmente nervosa, saí correndo atrás dele, que me surpreende sentadinho e muito comportado em frente ao portão de casa, aguardando a permissão para entrar!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Ai, Meu Queixo...

Estava lá, a tonta, descendo a rua que mais parece uma régua em pé de tão íngreme, na velocidade máxima que suas pernas longas e cheias da força da juventude lhe proporcionavam, para comprar um delicioso sorvete de coco, já que o sol ardia no céu e trazia um calor insuportável para dentro daquela camiseta preta nova, dos Ramones, quando como disse Vinicius: "De repente, não mais que de repente", eis que chegando ao fim da régua, ou rua, ao virar a esquina, escorrega num punhado de areia que estava ali -Porque afinal, lugar de areia, é na esquina- e então, como se fosse um filme do Carlitos, "a tonta", leva um grandioso, cômico e trágico tombo, sabe Deus como, batendo a perna esquerda e ralando a mão direita ao mesmo tempo que enterrava o queixo no asfalto quente! Foi realmente, algo clássico, raro e bonito de se ver! Perfeito, como Carlitos, deprimente, patético, trágico, rápido e comico. E, para o espanto de todos aqueles que olhavam encantados a cena brilhante e comovente, numa fração de segundo, a jovem se preocupava apenas em se por de pé rapidamente, demonstrando que apesar de tudo, ainda estava viva, e estava mesmo era preocupada com os óculos, afinal, eles podiam não ser lá essas coisas, estavam riscados a beça, mas eram a vida! Rapidamente, ajeitou-se, e levantando, terminou o percurso até a padaria, mancando, xingando até o último trabalhador chinês no outro lado do mundo, querendo morrer, e ao mesmo tempo rindo de si mesma, passou a mão no queixo, limpou o sangue, pegou o sorvete de coco, e tornou a subir a rua de volta, respondendo às perguntas dos que observavam a cena sem piscar, intrigados:
"Tudo bem, tudo bem, estou bem, sim, senhor, estou bem, é, eu vi, machucou um pouco o queixo, sim, daqui a pouco passa!" quanto otimismo, "daqui a pouco passa", não é algo que se diga depois de uma situação dessa. Mas enfim, tudo bem, estou mancando um pouco menos agora, o queixo ainda dói, sangra um pouco de vez em quando, mas foi o sorvete de coco mais amargo da minha vida toda!