quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Letras Soltas

Na cidade
Um olhar perdido,
Um amor achado.
O cheiro da fumaça;
O incômodo da superficialidade.

Pelas ruas da cidade,
Uma vida inacabada,
largada à violência desmedida
Resta o grito mudo da massa,
E medíocre é a superioridade.

Na vaguidão da sociedade,
Critérios se perdem invertidos,
Ruidosos sejam os desencontros marcados,
Saudoso seja o silêncio da raça
Subjugado por nossa sonora realidade.

Extinta a consciência da humanidade
O ódio de amores interminados
Embarga o caminho da paz em corações partidos
E não há quase, amor que bem faça
A quem se apraz de avançada idade.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Velhice Urbana

Como novos trens correm estes janeiros
A deixar a estação da juventude
Todos a bordo!, abandonam suas virtudes
Partindo sem medo, os velhos jovens obreiros.

Como loucos, correm sós, sem parceiros,
Todos aqueles que, em sua solitude
Escondem-se em seus hábitos de natureza rude
Esqueceram-se dos valores, ó meros passageiros

Esta imensa confusão que o concreto causa à essência
Apenas lhes permite ver, atrás da cegueira de alma
Que a tudo veem muito claro, em meio humano

Enquanto o ritmo desenfreado desta eterna turbulência
Maltrata-os pela desfocada esperança de calma;
Aprisiona pesadelos e realidade, iguais num mesmo plano.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Obsolência

Me reduz a alma a confusão, tirando dela toda a paz
Este pesado fardo que a mim é tua existência
Agora se cria grave, presente e austera consciência
Mudando os caminhos deste objetivo sem espírito, tenaz

Altiva a desconcordância, a alma se esgueira fugaz
Desconsidera toda a pura e fria essência,
Nutrindo por toda a firme razão, firme (e obstinada) carência
Nos passos turvos de ânsia que esta caminhada lhe traz

Mas persiste, por fim, inexistente, qualquer infelicidade
Pois tendo ao pouco necessário a somente se viver
Comunhão e equilíbrio vêm a quem lhes atribui necessidade

Então se acaso feres o instinto, caindo em falência de atividade,
O coração, de instintivo bom senso humano o volta a conter
Pois aqueles prostrados aos pés do desejo encontram finalmente.