domingo, 20 de dezembro de 2009

Inútil? De Maneira Nenhuma!

Que estranho, quando vou arrumar o armário de papeis, tranqueiras e afins, parece que fico mais sentimental do que o de costume (ninguem acredita, mas eu sou sentimental ao cubo), e começo a tirar do armário com um certo medo, as papeladas e eventuais (ou constantes) bugigangas (das quais por mais que tente me ver livre, nunca consigo jogar fora).
Retiro as tranqueiras tentando disfarçar meu medo com aquele sorrisinho cínico, porém, como na bagunça do armário há coisas úteis e coisas sem importâncias, deve-se checar bem o que será jogado fora, e o que ficará ( o que fica é privilegiado, pois ganha um lugar melhor dentro do ármario)lá dentro definitivamente (ou até a próxima arrumação). E é aí onde mora o perigo, já que no meio de tantas coisas que só ocupam espaço, a gente sempre encontra uma caixinha onde há cartas de um velho amigo, objetos de inutilidade extrema, como cartões , dados, bonequinhos de massinha feitos no prézinho, enfim, se fosse enumerar todas as porcarias e tranqueiras, que nos despertam aquela tremenda saudade, nostalgia (e só não digo lágrimas pois já seria muita comoção, mas chegamos bem perto), passaria aqui dias e noites sem fim.
O problema é que são coisas tão idiotas que acabam por despertar nosso interesse de tal maneira que aqueles trecos inuteis estão lá, você percebe, você vê e sabe que são inuteis, mas o que você faz ao invés de colocá-lo no lugar das coisas inuteis (que cá entre nós, seria o mais sensato a se fazer)? Sim, você fará como todos nós; vai tirar da imaginação uma nova pilha de coisas, que de maneira nenhuma pode existir (exato, não se engane, afinal, só podem existir duas pilhas: coisas úteis, coisas inúteis. As meio inúteis não existem e devem ser encaixadas em um dos dois grupos), e vai deixar o treco lá, enquanto jura que vai jogar fora "um dia!" (opa! um dia não, tem de ser hoje!), e aí é quando começa a briga interna, entre a razão e a emoção do seu ser, que também pode ser popularmente conhecida como briga do anjinho vs. capetinha, entre outros nomes de vasta diversidade. A questão é: jogar ou não jogar? Razão oou emoção? E aí, em certo ponto, você encontra seu cérebro super complexo se remoendo para resolver um problema extremamente idiota (problema típico de paulistas cheios da correria do cootidiano).
-Ora, mas por que diabos algo tão infantil pÔde atrapalhar o meu sábado? Meu sábado, sagrado, não pode ser!!!
E então, depois de se perguntar isso pelo menos tres vezes, você decide guardar o bonequinho de massinha centenário, pois ele serve para...

sábado, 12 de dezembro de 2009

As Loucuras Da Sociedade Que Passam Despercebidas

Algumas coisas que nós fazemos, e para nós é super normal, se forem bem observadas, de uma outra forma, podem nos deixar de queixo caído, como exemplo, algo bem próximo de nós, as músicas infantis. Por que diabos, alguem sai por aí, cantando para o próprio filho, que se ele dormir, a cuca virtá pegá-lo, e a pobre criança estará sem os pais, pois estes estariam na roça, fazendo sabe-se lá o que? Ou melhor, em meio a uma sociedade como a nossa, que diga-se de passagem é violenta ao extremo, um infeliz tem a brilhante idéia de dizer à uma criança inocente e pura, que atirou um pau no gato, que é um bichinho bonitinho e indefeso? E o mais engraçado nessa história toda, é que nós, cidadãos honestos, cantamos esse tipo de música para as crianças, muitas das vezes sem perceber que não passa de mera apologia à violencia. Também gostaria de lembrar dos doces. Ah, os doces... Estranho seria, comer um pé de moleque, pois a única coisa que consigo me lembrar, é de um serial killer, que mutilava suas vítimas, e aí então, o nome pé de moleque, parece sugerir algo ligado ao sofrimento de garotos de rua, ou algo do tipo. Agora, se tem algo que me deixa com raiva, é imaginar que um tarado qualquer inventou a "teta de nega", que é um docinho de chocolate, e que por sinal, as crianças adoram. O que existe na cabeça de uma pessoa assim? Seria uma tentativa de descontar na sociedade (que já não é grande coisa) seus traumas da infancia ou adolescencia, ou um tipo de doença mental? Só pode ser, não consigo imaginar o cara que canta esse tipo de música aterrorizante para seu próprio filho, como uma pessoa normal, que faz compras no supermercado, ou numa fila de banco, executando atividades cotidianas, ou então, o tarado que inventou o doce que dá até nojo de falar o nome, ajudando uma velhinha a atravessar a rua. Pode parecer piada, sensacionalismo, ou viagem minha, mas esse tipo de gente, definitivamente, não é normal. O que mais me deixa intrigada, é que as pessoas tomam isso como brincadeira, e ensinam isso para as crianças, e depois, quando eles crescem revoltados, não sabem, porque, e criticam os pobres coitados, que foram criados sob a ameaça da cuca, eas apologias à violencia, do gato que foi espancado.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A inspiração (ou a falta dela)

Parei de escrever por um tempo, depois, fiquei com vontade de voltar (aquela espécie de saudade depois da abstinência), quebrar o silêncio e escrever a melhor coisa de todas as que escrevi, mas, Deus sabe, não é fácil assim de cara. Pensei. Pensei em tudo que poderia se tornar um prato cheio, como a garota que sai atrasada para o trabalho, o rapaz que está indo para uma reunião importante e bate o carro, ou até mesmo aquele sujeito mal encarado no ônibus, com cara de terrorista, que atende o telefone e fala em códigos, enfim, todos aqueles casos cotidianos, que apesar de serem banais, se observados bem de perto, fazem nossa imaginação voar longe, bem alto... Porém, depois de ficar até com os olhos ardendo (quando penso muito nesse tipo de coisa meus olhos ardem), não consegui escrever nada, e então, quando não via mais saídas para esse terrível problema, eis que surge uma grandiosa ideia: que lidamos com fatos do dia-a-dia, acontecimentos rotineiros e quase sem importância ( para as pessoas normais, que fique bem claro), decidi que nada seria melhor do que escrever sobre o nosso gravíssimo problema, aquele que assombra nossas mentes dia e noite e tona-se nosso maior medo, nosso pior pesadelo, a falta de criatividade, de ideias ou inspiração. Porque sempre que nos momentos que estamos animados faltam ideias para nos acompanhar. É como se essas pilantras dessas ideias fugissem de nós, brincassem com nossos sentimentos e emoções. Elas não vêem que são importantíssimas para nós, e que sem elas, nada seriámos? Puxa, as ideias poderiam ser nossas amigas, não podem nos deixar na mão assim, logo quando mais precisamos delas. Entretanto, creio que até a falta de ideias pode ser um ótimo assunto para se escrever, já que depois de escrevermos a primeira palavra, não tem jeito: as ideias acabam perdendo a briga, vão surgindo e trazem consigo uma palavra atrás da outra, assim acabamos por fazer mais um texto pronto, cheio de ideias, criatividade, bem inspirado e o melhor de tudo: as vezes nem precisamos lembrar da garota atrasada ( que na nossa história poderia encontrar um sujeito mal encarado que a usaria como refém e esta seria salva pelo rapaz que bateu o carro no ônibus, e assim o casal seria feliz para sempre), da pra acreditar?

domingo, 29 de novembro de 2009

Manias São Dons

João era um sujeito comum, não fosse sua incontrolável mania, ou melhor, suas manias. Tinha uma mania pra tudo. Como aquelas, de não pisar nas rachaduras, ou nos buracos na calçada, agitar o leite no pote de achocolatado em pó quando este estava no fim, nunca comer biscoitos sem leite puro, ou até mesmo como dar cinco pulos antes de dormir. Também nunca deixava de jogar a toalha de baixo da cama antes de ir para o banho. João nem pensava em entrar em casa sem tirar os sapatos e colocar os chinelos, que estavam sempre prontos esperando-o à porta, e ao sair para o trabalho, nunca se esquecia de colocar os sapatos, e deixar os chinelos no mesmo lugar. João era mesmo um cara esquisito, trabalhava, e gastava seu dinheiro com coisas esquisitas, como sua coleção de livros de biologia do 2º grau, que comprava em sebos. Sempre tinha um livro de uma das matérias, porém, nunca sequer folheou algum. Talvez os tivesse comprado devido ao fato de sentir remorso, por ter estado em recuperação nessa mesma disciplina, nos três anos do colégio, porque sempre deixava os benditos livros de biologia de baixo da cama, pois tinha medo deles. Apenas mais uma, dentre as manias de João. Também colecionava revistas da década de 1950, e tinha todos os discos dos Beatles, os quais ouvia todas as noites, religiosamente às oito e meia. quando as pessoas lhe perguntavam como ele sentia-se a respeito de suas manias incontestávelmente malucas, ele dizia que manias eram o seu dom.
Se fosse verdade, podia-se dizer que João era o homem mais abençoado da terra, devido a sua grande variedade de manias: tinha mania de grandeza, de perseguição, de limpeza, perfeccionismo, enfim, manias de todas as sortes possuía João. Mas acontece, que existem coisas que não podemos explicar ao certo, coisas que só aquele órgão vital, localizado em nosso lado esquerdo do peito pode explicar. Aconteceu que, num belo dia, após uma bela noite, que fora precedida de um outro belo dia, João conheceu uma jovem quando atravessava a rua . É importante lembrar, que: João tinha uma mania de só atravessar a rua após olhar três vezes para cada lado, porem, ele as vezes se esquecia de olhar para a rua, muito preocupado em balançar a cabeça três vezes. A moça vinha em um fusca 1969, que um dia fora branco, e ao atropelar João, ficou desesperada, mas como ele já estava acostumado a esse tipo de acontecimento, não se abalou muito. Chamou a bela garota de curvas que poderiam ser notadas por todos para tomar um café, para que se acalmasse, e daí em diante, algo estranho aconteceu na vida de nosso herói. Ao entrar em casa aquela noite, João se esqueceu de tirar os sapatos, e depois de se deitar, notou que esquecera também de dar os cinco pulos, e de ouvir o álbum branco (que havia sido o disco escolhido para aquela noite). Os dias passavam, João fraquejava. Nunca mais tirara os sapatos, e, que incrível! agora ele fazia questão de pisar em todas as rachaduras, buracos, e quem diria, até em tampas de bueiro! João se desligava cada vez mais das manias, e seus sapatos nunca mais foram encontrados na porta, cessaram as manias, e João foi viver um grande amor ao lado da mulher, e dos gêmeos que vieram após dois anos do casamento. Ela odiava quando ele tinha recaídas. Eles se amam muito, apesar de ela quase ter uma síncope quando o vê colocando toalhas de baixo da cama...