quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Bolo formigueiro

O amor é um moleque mimado
Brincando no quintal o dia inteiro
Lá pelas tantas há de ser chamado
A comer bolos, pelo doce cheiro.

A tarde toda esteve debruçado
Sobre o fascínio de um formigueiro
Lupa em riste, há de ter carbonizado
Mais de mil corpos, o maldito traiçoeiro.

Ainda assim recebe destiladas doçuras
E oferece em troca, um abuso;
Pirotecnias com a face de sua loucura

O amor é ingrato até à alma mais pura
E não lhe negam nem um parafuso
A executar nos corpos sua louca tortura.

Bolo formigueiro

O amor é um moleque mimado
Brincando no quintal o dia inteiro
Lá pelas tantas há de ser chamado
A comer bolos, pelo doce cheiro.

A tarde toda esteve debruçado
Sobre o fascínio de um formigueiro
Lupa em riste, há de ter carbonizado
Mais de mil corpos, o maldito traiçoeiro.

Ainda assim recebe destiladas doçuras
E oferece em troca, um abuso;
Pirotecnias com a face de sua loucura

O amor é ingrato até à alma mais pura
E não lhe negam nem um parafuso
A executar nos corpos a tortura.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Acidez

Primeiro, a menina corajosa se escondeu atrás do móvel. Não queria aparecer de novo, mas não porque tinha medo, e sim porque... Bem, talvez fosse por ter medo, sim. Afinal de contas, por que as meninas corajosas não podiam sentir medo, às vezes? Tinha medo, a menina corajosa. Muito medo, e não somente do que pudesse ameaçar sua coragem e seu valor inquestionável, como também - principalmente - daquilo que tentasse, de má fé, extinguir por completo seu medo. Na verdade, ela tinha muito mais medo de pensar sobre deixar de ter medo, do que de qualquer outra coisa.
No fundo mesmo, a gente tem sempre dessas coisas, de se contradizer. Apesar de não parecer, por exemplo, a paciência, de vez em quando, se fantasia de pressa, e a pressa de paciência, e a repressão de desejo, e o desejo, de repressão, e assim por diante, até que nossa cabeça dê um nó e a gente não tenha outra opção a não ser finalmente deixá-la quietinha, sem pensar muito, enquanto o resto do corpo tenta segurar as pontas por sua conta e risco.
É certo que quando isso acontece, invariavelmente, algo há de dar errado; a cabeça é que foi feita pra pensar, e não o resto das pontas do corpo. Mas supondo que segundo os preceitos das grandes linhas de produção industrial (um claro exemplo de péssimo exemplo a ser citado, neste assunto), nada é insubstituível, em certos casos o melhor a se fazer é esquecer a função das pontas do corpo, e deixar mesmo que tudo siga religiosamente o tortuoso caminho da falta de caminho a ser seguido.
Dessa forma, a covarde menina, num ato de extrema coragem, deixou sua cabeça de lado, segurando as pontas com as outras pontas do corpo, e seguiu feliz o mais aterrador de seus medos: o de segurar as pontas, com outras pontas, ao mesmo tempo em que as entregava todas de uma vez a um terrivelmente  imprevisível destino... Sem pontas.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Plano Premium

Todo rico tem problema de opinião. Seja a dele próprio (difícil) ou a da grande mídia que ele segue. E todos tem fascinação por pedantismo (um treco chatíssimo, típico de gente que é um verdadeiro porre e gosta de esconder sua ignorância em palavras bonitinhas). Rico dá opinião na economia, na política externa e no campeonato tailandês de bolinhos gourmet, mesmo sem entender porra nenhuma sobre tais assuntos. E opinião comportamental, também. Atualmente, eles dizem, como a desdenhar da evolução natural humana, tudo é uma bosta. No meu tempo era bem melhor, com ditadura, repressão política, sexual, enfim. O rico é o verdadeiro simbolismo do passado, o saudosista. Acontece que o rico – normalmente -  no passado só fez merda, explorou trabalhadores, estragou a própria família que tanto alega amar hoje em dia, dentre outros.
Como o sistema faz com que o pobre rico, com seu cérebro de avestruz, pense que só porque conseguiu viajar para a Europa, todos os outros seres humanos da face da Terra também conseguirão um dia, pra ele é dificílimo compreender que existe miséria no mundo, afinal, no condomínio residencial “riviera da puta que pariu”, gente diferenciada jamais entrará. O rico provavelmente se sente muito indignado quando vê gente diferenciada no bairro vizinho, que já desce um pouco a classe.
Normalmente, de dentro do seu blindado, ele reclama do trânsito (que ignora por completo como surgiu), dizendo que hoje em dia qualquer um pode ter carro. Uma pena, ele pensa. Deveria ser só para quem tem sangue azul. Aliás, o rico tem essa mania odiosa de condenar coisas que ele mesmo criou, só que colocando a culpa em outra camada da sociedade. Ele reclama por exemplo, que gente de cabelo alisado é muito feio, mas não se incomoda nem um pouco com o fato de essa cultura ser culpa única e exclusivamente da mídia que ele financia, e que se apropriou do conceito de ‘beleza’, fazendo todo mundo acreditar que o belo é o branco.
O rico quer ter a última palavra, quer ter razão. Razão sobre a forma como ofende os outros, por exemplo, está super na moda. Rico adora ofender e desrespeitar os outros, e depois dizer que apenas defende a “liberdade de expressão”. É quase a representação da high society. Até porque, a PM não vai matar menino branco, filho de rico, que mata casais homossexuais na rua. Então, pra eles, está tudo ok. Outro dia assisti um programa de uma emissora que gente rica adora, mas não lembro o nome, porque tive de ir vomitar antes de conseguir ver. Era sobre gente rica, fazendo as coisas babacas que costuma fazer, como por exemplo, dar festas bregas para mais de cinco mil convidados que com certeza eles nem conhecem, com o único intuito de mostrar ao mundo que tem dinheiro.  Chega a ser engraçado, e como roteirista de comédia, vou com certeza controlar minha ânsia para observar mais vezes o mesmo programa. Assim, já sei de onde tirar inspiração.
Mas voltando à questão da opinião, vale lembrar que todo rico fica muito irritado quando contestado. Coisa de gente mimada, até se esquecem da tal educação rica e preciosa que lhes fora dada, e soltam alguns palavrões bem cabulosos, que nem na quebrada a gente ouve. É que no fundo, no fundo, por mais repulsa que o rico tenha disso, ele não conseguiu ainda inventar um dispositivo iFuga, pra ver se consegue esquecer a mistura de carbono e lixo que todo ser humano é. E dá-lhe terapia, enquanto isso.
Porque rico adora uma terapia. Traí minha mulher, vou fazer terapia. Meu sócio me traiu, vou fazer terapia. Rico também adora a palavra traição, deve remeter ao passado monárquico, quando existiam questões de honra, valores. Aliás, está aí a terceira coisa que o rico também adora: honra e valores. Apesar de não ter escrúpulos, falar sobre escrúpulos é sempre muito legal para os financeiramente estáveis.
 Rico gosta de contar ao mundo sobre como subiu na vida, criou coisas, fez dinheiro. Tudo honestamente, isso é: passando os amigos para trás, humilhando seus funcionários e deixando a família em segundo plano. Mostra sua condição ridícula para todos que quiserem ver.
O que me fascina é o interesse deles. Ou melhor, a babaquice deles em acreditar em meritocracia. Não, isso não me fascina, acho que talvez seja o dinheiro. Ah, não. Nada me fascina no mundo dos ricos. Simplesmente os considero, a todos, um bando de imbecis, mesmo.
Mesmo sabendo que fizeram merda, eles querem justificar a merda que fazem. Estupro, assassinato, exploração: mentalmente instável, devemos nos resignar [rico adora ser mentalmente instável, eles nunca tem a consciência limpa]. Politicamente incorreto,  ofensas gratuitas a movimentos sociais, generalização: é só humor, não deve ser levado a sério [ricos acham que humor não tem função social, porque o humor que conhecem é o do Danilo Gentili e do zorra total].

Como eles são transtornados. Babo de inveja. 

Contabilizando a gentileza humana

Algumas das coisas muito difíceis (porém não impossíveis) de se contabilizar podem surpreender por serem, justamente, incontáveis. uma delas, por exemplo, é a gentileza humana. Não se contabiliza, até onde se aprende nas aulas de matemática do ensino fundamental ou dos estágios intermediários dos cursos de inglês, esta virtude raramente presente nos mamíferos de polegares opositores. No entanto, é importante ressaltar a não-impossibilidade de se contabilizá-la. Caso não tenha ainda compreendido, pegue a calculadora mais próxima, atire-a contra a parede, livrando-se dela o mais rápido possível, e venha se aventurar no fantástico mundo exterior das relações interpessoais.
Imagine-se adentrando um ônibus. Isso mesmo,  aquele veículo de transporte público que preza pela locomoção coletiva ao invés da individual, pela qual pagamos agora três reais e cinqüenta centavos para utilizarmos. Imagine que você passa a catraca, ainda reclamando por esse absurdo aumento que há de gerar mais lucro para camadas da sociedade as quais você jamais pertencerá.
Agora, depois da catraca, você avista um banco, dirige-se a ele, pede educadamente uma tímida "licença" a quem está do lado, e por fim, senta-se ao lado deste semelhante seu, um outro ser exatamente como você, e ainda assim, provido de toda a sua individualidade, quiçá a característica mais fascinante dos seres de nossa espécie. Até então, estão absolutamente em harmonia. Independentemente de credo, classe social, gênero, cor, orientação sexual, vocês são dois seres da mesma espécie, e ponto. Exatamente como você ignora por completo o histórico político-econômico-social-psicológico deste ser, ele também ignora o seu, e por enquanto é o que tem em comum, além da espécie e consequentemente os medos e desejos inerentes a ela, talvez um punhado de características físicas, mas só.
Eis que nessa paz, de apenas sermos quem somos e deixarmos ser quem quer que seja, sem questionamentos, surge um atentado ao prosseguimento da situação, que  mudará por completo a forma como você encarou os fatos sobre aquele ser ao seu lado. Que mudará talvez até mesmo a sua fisionomia, para o resto do dia. Que mudará até mesmo a sua fé na natureza humana. Um ato de radicalismo, um ato de extrema gentileza.
Utilizando-se  de seus fantásticos polegares opositores, o ser ao seu lado abre o zíper de uma bolsa, estes dois últimos, provas concretas da modernidade e do comportamento social pós-moderno, e de dentro da bolsa ele tira nada mais, nada menos que: um tablete de aproximadamente quinze centímetros de pé-de-moleque. Embalado. Acabou de sair da lojinha de um real. Provavelmente, foi fabricado em alguma cidade do interior, talvez até mesmo tenha vindo de outro estado. A pessoa abre o pacote.  Perfeitamente normal, sim. Até o momento em que, num súbito ataque de simpatia aterradora, ela se vira para você e diz, num sorriso tranquilo: "aceita?"
Seu mundo é, neste momento, o submarino do capitão nemo, imergindo e emergindo sem controle num oceano de profundos sentimentos misturados, mas tudo acabou ali. Não houve cantada, não houve interesse, não houve sequer alguma outra intenção, naquela pequena palavra, além do puro oferecimento de um doce a uma pessoa desconhecida. Sim, é dificílimo acreditar, mas foi assim mesmo, um simples oferecimento, desprovido de qualquer malícia. Você tem vontade de chorar, você tem vontade de sorrir, pulando e se jogando num gramado inacreditavelmente verde e saudável, e correr de mãos dadas com aquele ser humano fabuloso ao seu lado, abraçá-lo fortemente, para que ele saiba o quanto é maravilhoso o que acabou de fazer pela restauração diária de fé na humanidade.
timidamente, você sorri de volta, dizendo baixinho: "ah, não. Mas muito obrigado/a". E sua vida segue, contabilizando incontáveis créditos de gentileza, internamente.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O dom e a eterna sacanagem divina

Aparentemente, este planeta super cafona e decaidinho que chamamos de lar está dividido em três grupos de pessoas, respectivamente apresentados em ordem crescente da quantidade de membros: o das pessoas com bom senso, o das que são frouxas e não opinaram e por último, o maior grupo: o das pessoas que acreditam em dons.
Diz-se do dom, no dicionário de língua portuguesa cujo nome não vem ao caso: "SM. 1 dádiva, presente. 2. Qualidade inata [...] 4. Poder. [PL.: dons]". Basicamente, portanto, a maior parte da população mundial acredita que Van Gogh teria, em algum dado momento de sua triste vida, recebido um presente que o tornou um carinha talentoso o bastante para criar belas pinturas, por exemplo.
Não que haja efetivamente um problema em acreditar nisso; é até uma crença bastante plausível, sob a nossa condição mortal, afinal, para deixar de ser plausível, as crenças devem teoricamente levar seu crente a ceifar o direito essencial à vida de outrem, mas provavelmente passa a ser um pouco constrangedor quando seus tios e/ou avós começam a acreditar que por ter andado ou balbuciado algumas palavras antes do tempo, você seja com certeza um ser agraciado com algum tipo de genialidade bizarra como as daqueles caras que comandam empresas de software bilionárias.
Pois é, a parcela da população crente em dons celestiais comete algumas gafes. Talvez você tenha se frustrado um pouquinho ao descobrir que pós-doutorado em física quântica das ciências iônicas da galáxia paradoxal não combinaria com quem você queria ser, justamente por causa da crença; às vezes, ela pressiona um pouco a gente. Mas não se sinta mal por isso, de forma alguma. Ser corretor de imóveis também é OK, e talvez você nem fosse feliz estando em outra situação, não é mesmo?
No entanto, em meio a tantas peculiaridades existentes na crença de dons, mais do que na da meritocracia e menos do que na da cura gay, há um certo efeito negativo, e ele se dá quando o indivíduo crente retira de seu vocabulário a prática e a experiência, para reduzir (ou aumentar?) tudo à decorrência de dom.
Vejamos, tudo bem acreditar que uma entidade superior tenha conferido a cada pequeno ser alguma habilidade específica. Todavia, será praticamente impossível não sentir ao menos uma pontinha de curiosidade a respeito de como e por que diabos esse camarada superior teria presenteado algumas pessoas com dons um tanto... Exóticos (a exemplo daquela sua amiga que decorava placas de carros de todos os professores do ensino fundamental, do seu colega que toca a língua no nariz ou até mesmo da sua prima que consegue fazer bolas de chiclete maiores que o próprio rosto).
Torna-se, por fim, uma paranóia agonizante, imaginar que o ser superior que te fez uma grande decoradora de placas de carros, um cara que toca o nariz com a língua, ou uma fazedora de bolas de chiclete, estava na verdade meio entediado e resolveu fazer umas sacanagens com seus seres inferiores.
De qualquer forma, o importante mesmo é não ceifar o direito essencial à vida de ninguém. Não tanto por grandes motivos, mas mais por ser plausível em suas crenças, numa boa.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Coisas que a chuva não impede

Cansada de ouvir tantas reclamações
Sobre aquilo que a chuva
Poderia impedir
fluência normal do tráfego
Aulas ou reuniões
Fez uma lista de outras coisas tão legais
Que jamais
A chuva há de proibir

A chuva não impede
As pessoas de jogar
Sejam cartas de baralho
ou sinuca, no bar

Ou que estando proibidas
de brincar no quintal
as crianças construam cabanas
com alguns itens de enxoval

A chuva não impede
Que se faça amor sem compromisso
No aconchego do apartamento
de uma das partes envolvidas nisso

E a chuva não impede
Que você seja feliz
Fazendo caretas quando cai
uma gota de chuva no nariz

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A perda da graça

Ao que tudo indica, durante muitos séculos de pesquisa sobre o comportamento da espécie humana, concretizou-se a ideia de que nossa sina biológica, que os mais ousados chamariam ciclo de vida, resumiria-se apenas a quatro eventos citados e difundidos em escolas, igrejas e na interminável fila do açougue da vila: a gente nasce, cresce, reproduz-se e morre, deixando os filhos feitos na terceira fase  ( se bem que muitas vezes a segunda e a terceira fase possam vir a inverter-se, mas não vem ao caso) ao deus dará.
No entanto, teorias um tanto mais sofisticadas, por assim dizer, foram muito além para nos mostrar que estivemos perdidamente enganados acerca desta infame listinha de verbos inerentes ao ser humano; de certa forma, provou-se por a + b, como 2 e 2 são 4, que na verdade nosso ciclo de vida, como dizem os caras de pau, teria um outro ato a mais, nas imediações da segunda fase oficial - o crescer -, apesar de o tempo não ser certeza, ao qual chamamos carinhosamente "perder a graça".
Não se descobriu a princípio com muita exatidão, sob qual circunstância perdemos a graça; muitos diriam se tratar do aniversário que não tem mais importância, outros alegariam que para si, perderam a graça quando deixaram de sair de casa sem guarda-chuva, ou até mesmo houve quem dissesse que nada era mais sinônimo de perder a graça do que o matrimônio da legislação monogâmica, mas o certo é que esta aparentemente simples descoberta causou nos cientistas um grande reboliço, e inclusive, um leque de outros teoremas foi aberto com esta possibilidade, uma vez que a partir deste novo conhecimento, desta verdadeira inovação científica, como já é de se esperar sempre, após qualquer evento terreno, os cientistas e pesquisadores ganharam cada vez mais empregos, enquanto os poetas, roteiristas de esquetes, comediantes e humoristas os perderam à mesma proporção, porque estas são as regras do jogo.
Surgiram enfim, como pipocas estourando na panela, as milhares de vertentes do estudo sobre o quinto possível elemento no comportamento biológico do ser humano. Alguns destes, como por exemplo o estudo acerca do momento da vida em que perdemos a graça, questionavam, como não deve ser difícil deduzir, a data em que esta fatalidade nos acontece.
Foi quando os cientistas dividiram-se entre os que acreditavam tratar-se de um evento localizado entre o nascer e as primeiras palavras, estando portanto antes do crescer na sina da vida, e outros, que juravam de pés juntos que a perda da graça começaria a apresentar seus sinais visíveis após o sexto copo consecutivo de cerveja, podendo-se localizar tanto antes, quanto depois do crescer - ou do reproduzir, já que os descendentes puxam muito da graça humana.
Os votos também variavam entre os que relativizaram tanto a coisa ao ponto de acharem que a perda estaria após a morte. A justificativa dada a esta possibilidade foi a de que "memórias póstumas de Brás Cubas" seria uma obra muito entediante, porém esta teoria foi logo quebrada com o argumento sobre a especulação do estereótipo do cientista que odeia literatura.
De qualquer forma, o mais impressionante em toda essa história incrível continua sendo, sem dúvidas, o fato de que, em absoluto, todos os cientistas empenhados em descobrir mais sobre como, quando, onde e por que o ser humano perde a graça, já haviam perdido as suas graças de forma integral havia muito tempo, e seria de fato dificílimo fazer qualquer piada que fosse, sobre, para ou com eles. Daí então, mais uma vez os poetas, roteiristas de esquetes, comediantes e humoristas, como já é parte do ciclo de vida dessas subespécies quase-humanas, perderam seus poucos empregos (que pode ser o quarto ou terceiro ato na listinha infame de verbos inerentes a estes seres, mas não deixa de se fazer presente).