segunda-feira, 7 de setembro de 2015

As flores e os muros

Lá em casa há flores brotando nos muros
E ao abstrair do seu concreto toda a dureza
As mudas falam de amores tão puros
Que até os muros decretam bela sua pureza

Quando a chuva, tão saudosa nos faz visita
E vem tocar outra vez os muros e as flores
Seu toque, de tanto que a toca, a incita
A verter o pranto que floresce novos amores

A luz nascente do sol traz os dias seguros
Faz sob os muros nascerem sombras espessas
A séria alvenaria forma desenhos mais duros
E as flores sorrindo, desenham formas travessas

Por vezes os gatos que vivem nos arredores
Vem pela noite sobre os muros caminhar
Atrás de quem possa abrandar os ardores
Da carne que vive a madrugada a pulsar

Nas noites que a lua preenche os céus tão escuros
Tão cheios de nós estamos cheiros e cores:
E as flores, vencendo os muros
E os muros, cedendo às flores. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário