Pensando, chegou à
conclusão que não se vive certo. Hora descobre-se que a dieta seguida há trinta
anos é na verdade a causa daquele problema nos rins, hora que não houve
episódio final para a Caverna do Dragão. A vida é mesmo uma grande mentira, ou
melhor dizendo, uma inverdade. Mas na verdade, se a verdade nem existe, o
problema deve estar em quem vive errado mesmo, ué.
Porque admitir que está
errado ninguém quer, mas estar errado é sempre muito mais gostoso, muito mais
fácil, muito mais confortável. E ai de quem tentar estar certo, porque aí é
dono da razão, é o certinho, nojento, fresco. O chato que passa sermão. Mas afinal
de contas, pra que é que se vive, se não pra endireitar as coisas que vieram
erradas da fábrica? Por que raios é assim tão mais agradável continuar
convivendo dia e noite com aquilo que é errado, se o que é errado prejudica? Só
mesmo para ser aceito?
Ora, ser aceito. O homem é
mesmo muito otário, veja bem: o último que tentou ser aceito e agradar sem
demagogia, na honestidade, tomou logo uns pregos nas mãos, e foi habitar o
reino dos céus, amém. E ainda persiste esse papo, pouco mais que dois mil anos
depois, de ser aceito, de fazer bonito. Pro raio que o parta com a aceitação
geral, minha gente, que patifaria é essa? Há muito já deu a hora de se tomar
consciência, decência e tapa na cara de quem não quiser. Há muito já deu a hora
de deixar de lado a facilidade, de acreditar na vida e no próprio potencial de
raciocínio, que é coisa fina que nos foi dada.
Há muito já deu o tempo do
homem passar a viver do jeito certo, de gostar do jeito certo. Não que seja
necessária a perfeição, porque todo mundo está cansado de saber que de
perfeição aqui, não há nada, mas pelo menos um pouquinho daquele grandioso bom
senso, um pouquinho de noção. É quase certo que não há de fazer mal a ninguém,
de coração. Aliás, é quase certo mesmo, que o dia em que o tal do homem passar
a interessar-se pelo certo, será mais feliz. Sim, felicidade, aquela coisa que
todo dia se procura, e muitas vezes se anuncia ao mundo sem ao menos saber do
significado.
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